Apareceste
No meu recanto
Por detrás dos fetos.
A tristeza do teu olhar
Dilacerou o meu coração.
A rude mente humana
Retirou-te alegria e esperança
E lançou-te para o abismo.
Alimentei o teu magro corpo
Com comida, calor
e carinho.
Caminhei contigo,
mostrei-te os secretos
e mágicos recantos
da montanha
que me recebeu como um filho.
Chorei de felicidade
ao ver o brilho do teu olhar
que ressuscitou novamente
alegria e a esperança
quase inexistente.
Alimentaste o meu coração
com a tua divina e fiel amizade
carinho e alegria.
As circunstâncias da vida
que me impediam de te ter
levaram-te para longe.
Um novo lar,
uma nova esperança.
Naquele momento
foi imenso
o teu desespero.
Lutaste no objectivo
de te libertares da trela
que te prendia.
O teu olhar começou a perder o brilho
e na humildade que te caracteriza
deitaste-te, e fechaste os olhos
como sinal de profunda dor.
A tempestade da separação
atingiu como um raio
o meu coração
e fez chover lágrimas
como se de uma esponja tratasse
apertada já
pela saudade.
Um ano depois
soube que tinhas morrido.
Quis o destino
que a tua curta vida
acabasse triste.
Mas se Deus existe
tu eras
e serás
eternamente
o meu anjo
Hórus